UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DeFEM - DEPARTAMENTO DE FÍSICA, ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA

Curso: Matemática - Licenciatura

Componente Curricular: Matemática Computacional III    

Professora Tânia Michel Pereira

Novembro/2005 

 

ERVA MATE


Claudia Inês Kummer
Maria Solange Granel Moura
Roseleine Maria de Almeida


INTRODUÇÃO


        A necessidade de se dar um novo significado ao ensino de Matemática em relação aos aspectos da realidade que influenciam a vivencia dos educandos, nos levaram como futuros educadores a buscar um método de ensino diferente mas que seja atrativo de forma que incentive e estimule o educando a buscar e construir seus próprios conceitos.
        A modelagem ou modelação matemática é um método que trabalha com fatos do cotidiano do educando, trazidos para a sala de aula. Fatos que abrangem diversas áreas utilizando a linguagem matemática, dando assim, vários significados aos conteúdos escolares propostos de modo que o educando faça uma integração de saberes nas aulas de matemática.
        O tema escolhido para ser trabalhado neste artigo é a erva mate por ser um dos principais símbolos do tradicionalismo gaúcho. É uma herança deixada pelos nossos antepassados que estimula a fraternidade, a amizade, o amor e a união.
        O chimarrão é uma das bebidas mais apreciadas pelo gaúcho, estando presente em todos os lares. Por esse motivo, iremos analisar a quantidade de erva utilizada para fazer um chimarrão.
        Para a realização deste trabalho, fomos ao laboratório de Física e Matemática da UNIJUI, onde verificamos a medida de massa e volume de cinco amostras de erva afim de calcular a densidade media. Em seguida, realizamos o mesmo processo com amostra de erva utilizada para fazer o chimarrão em quatro cuias de diferentes tamanhos. A partir de dados coletados, calculamos a projeção do custo de cada chimarrão feito em cada cuia diferente. Calculamos ainda, quantos chimarrões podem ser feitos utilizando um quilo (1 kg) de erva em relação aos diferentes tamanhos de cuias utilizadas.
        Antes de apresentar o trabalho realizado e as conclusões, iremos colocar um pouco sobre a historia da Erva Mate, sua produção, economia e algumas curiosidades que envolvem a mesma.


HISTÓRICO DA ERVA MATE


        Os primeiros a fazerem uso da erva-mate foram os índios Guarani, que habitavam a região definida pelas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, na época da chegada dos colonizadores espanhóis. 
        Soldados espanhóis aportaram em Cuba, foram ao México "capturar" os conhecimentos das civilizações Maia e Asteca, e em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguai. No local, impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción del Paraguay.


        Os desbravadores, com saudades de casa e longe de suas mulheres, tomavam porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda. No dia seguinte, acordavam com uma grande ressaca. Os soldados observaram que tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarani, o dia seguinte ficava bem melhor e a ressaca sumia por completo.
        Assim, o chimarrão começou a ser transportado pelo Rio Grande através dos soldados espanhóis. As margens do Rio Paraguai guardavam uma floresta de taquaras, que eram cortadas pelos soldados na forma de copo. A bomba de chimarrão que se conhece hoje também era feita com um pequeno cano dessas taquaras, com alguns furos na parte inferior e aberta em cima. Os paraguaios tomam chimarrão em qualquer tipo de cuia. São os únicos que também têm por tradição tomar o chimarrão frio. O "tererê" paraguaio pode ser tomado com gelo e limão, ou utilizando suco de laranja e limonada no lugar da água.
        Os primeiros jesuítas estabelecidos no Paraguai (posteriormente nas missões), fundaram várias feitorias, nas quais o uso das folhas de erva mate já era difundido entre os índios guaranis, habitantes da região.

COMO SE “FAZ A ERVA”


        A primeira operação que se verifica no que os ervateiros denominam “fazer erva”, é, naturalmente, a colheita. É ela feita geralmente de três em três anos, pois este é o período necessário para que a erveira readquira uma nova e farta folhagem. A produção normal de uma erveira de quatro a oito metros de altura beira a quantidade de cinqüenta quilos. Erveiras seculares, porém, crescidas no recesso das florestas, chegam a produzir trezentos quilos de mate. Como vemos, a erva mate é, na realidade, uma riqueza inesgotável.
        O método utilizado para a colheita é o mesmo dos primeiros tempos: eliminadas as plantas vizinhas que possam embaraçar o trabalho, o ervateiro sobe à árvore e inicia o corte dos galhos e dos ramos grossos, por meio de grandes tesouras de aço, foice e facões. Ao findar esta operação, encontra-se a erveira completamente despida, apresentando apenas a silhueta dos galhos principais e terminais e, à extremidade destes, a balançante “bandeirola” ou “flecha”, único grupamento foliáceo que fugiu da devastação.


ETAPAS DO PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DA ERVA MATE


Folha verde
        Quando “in natura”, é constituída por folhas e ramos obtidos pela poda da erveira. A folha é formada pelo limbo e pecíolo, os quais resultam, após o processo industrial, em fragmentos, goma e pó. Os ramos são cada uma das divisões e subdivisões do galho. 
        A erva mate não pode ser artificialmente colorida, esgotada no todo ou em parte, alterada, adicionada de ingredientes e misturada com outros vegetais. 


Colheita:
Corte - a partir de março até agosto, época em que a diminuição do calor retarda o movimento da seiva; os galhos da árvore são cortados e empilhados no local onde será feita a preparação. 
Sapeco - os galhos são rapidamente assados sobre uma fogueira estreita e comprida com troncos de árvores recém-cortados, não muito grossos e com oito ou dez metros de comprimento. Depois, os pequenos ramos guarnecidos de folhas são arrancados dos galhos maiores e enfardados para serem levados à secagem definitiva. 


Fase Barbaquá: É onde se localiza o conjunto de equipamentos de secagem, feita através de condutos que não permitem a ação direta da fumaça sobre as folhas de erva mate. 


Secagem - os ramos são estendidos sobre o barbaquá, uma espécie de estrado armado numa área coberta. Uma tubulação subterrânea, em geral forrada com tijolos, traz o calor do fogo mantido acesso numa área externa ao barbaquá. 


Cancheamento - a trituração das folhas é feita em canchas cilíndricas, usando um pesado cilindro de madeira, o malhador, dotado de pinos movidos a tração animal ou mecânica. As canchas são dotadas de piso de madeira, com orifícios que funcionam como uma peneira seletiva. A erva já triturada passa para um recinto assoalhado, sob a cancha furada, pronta para ser ensacada e transportada para o engenho. 
        O barbaquá tradicional ainda pode ser encontrado nas pequenas propriedades rurais. Entretanto, algumas modificações introduzidas nas diferentes fases do processo de preparo da erva mate indicam maior preocupação com a produtividade. Nas propriedades maiores, já existem barbaquás mecânicos, onde até mesmo a operação de sapeco, sem dúvida a mais penosa para os preparadores da erva mate, é feita com o uso de máquinas simples. 

Moagem
        É o início do processo de industrialização, onde se executa a pulverização de folhas, pecíolos e pedúnculos em moinhos, e se obtém a folha, a goma, o pó e resíduos através de peneiramentos e classificações. 

Mistura
        Neste setor são determinadas as proporções dos produtos selecionados na moagem, que, após misturados, são classificados como produtos comerciais da erva mate. 


Empacotamento
        Os produtos comerciais da erva mate, devidamente separados conforme sua classificação, são empacotados e embalados para serem expedidos ao mercado consumidor.

 


CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS DE COMERCIALIZAÇÃO DA ERVA MATE


PN – padrão nacional
        O produto cancheado e padronizado é moído e preparado para o consumo com água quente: chimarrão no processamento, a erva mate é passada na peneira de 10 mm, resultando:

                                   Tabela 1. Padrão Nacional

TIPO

MÍNIMO DE FOLHAS

MÁXIMO - OUTRAS PARTES DO RAMO

PN 1

70%

30%

PN 2

60%

40%

PN 3

50%

50%


PT – padrão tererê
        O produto cancheado e padronizado é moído e preparado para o consumo com água fria. 
        No processamento, a folha da erva mate é passada na peneira de 10 mm, e as outras partes do ramo são passadas na peneira de 12,5 mm, nas seguintes proporções: 

        Tabela 2. Padrão Tererê


TIPO

MÍNIMO DE FOLHAS

MÁXIMO - OUTRAS PARTES DO RAMO

PNT 1

70%

30%

PNT 2

60%

40%

PNT 3

50%

50%

ANALISE ECONÔMICA DA ERVA MATE


        Entre as culturas que tem se destacado na economia dos estados do sul do Brasil, a Erva-Mate aparece como uma excelente alternativa para as pequenas propriedades rurais.
        A cultura esta sendo produzida em aproximadamente 180 mil propriedades e rende aos produtores mais de R$ 150 milhões anuais.
        A Produção de 1994 de 208 mil toneladas de erva cancheada, está concentrada nos estados de Santa Catarina (36,5%), Rio Grande do Sul (32,4%), Paraná (29,8%) e Mato Grosso do Sul com 1,3% da produção Brasileira de Erva- Mate.
        A produção de erva mate no Brasil atinge 355 mil toneladas (IBGE) empregando 171 mil pessoas e gerando R$ 180 milhões. 
        90 a 95% do volume produzido destina-se ao chimarrão, e o resto é destinado ao chá e outras bebidas
        A indústria química está passando a utilizar a erva mate em tinturas de cabelo e medicamentos e esta realizando testes para comprovar sua ação antimicrobiana.


PRAGA DA ERVA MATE


        A pior praga para a erva é a broca-da-erva-mate, um cascudo que faz galerias dentro das plantas.
        Para o produtor, o principal problema é a impossibilidade de aplicar herbicidas, que alteram o sabor do mate. Assim, o único meio de eliminar a praga é por catação.



UTILIDADES DA ERVA MATE


        Existe hoje uma infinidade de usos industriais identificados para a erva mate, além do tradicional chimarrão, do tererê e do chá mate. O extrato de folhas, a clorofila, os óleos essenciais, a cafeína, os flavanóides e as saponinas contidas na erva mate podem se transformar em:
- Bebidas: chimarrão, tererê, chás, refrigerantes, sucos, etc.
- Insumos para Alimentos: corantes, conservantes, sorvetes, balas, bombons, caramelos, chicletes...
- Medicamentos: compostos para tratamento de hipertensão, bronquite, pneumonia, asterosclerose...
- Higiene Pessoal: bactericida, antioxidante hospitalar e doméstico, esferizante, esterilizante, tratamento de esgoto...
- Produtos de uso Pessoal: desodorante, cosméticos, perfumes, sabonetes.


PROPRIEDADE TERAPÊUTICAS


        Estudos científicos realizados por laboratórios de diversas universidades e por conceituados cientistas e institutos de pesquisas, atestam as propriedades medicinais e nutritivas da erva mate. O uso da infusão, em pouco tempo, “refaz da fadiga e excita ao trabalho”, sendo que a principal propriedade do mate consiste em duplicar a atividade sobre todas as formas: intelectual, motora e vegetativa, produzindo facilidade, elasticidade e agilidade físicas, sensação de força e bem estar.
        De acordo, com os diversos estudos realizados sobre a erva mate, suas propriedades, chegam à ser espantosas.
        A cafeína exerce efeito sobre o sistema nervoso central, estimulando o vigor mental. Com vitaminas do complexo B, o mate participa do aproveitamento do açúcar nos músculos, nervos e atividade cerebral do homem; vitaminas C e E agem como defesa orgânica e são benéficas para os tecidos do organismo; sais minerais, juntamente com a cafeína, ajudam o trabalho cardíaco e a circulação do sangue, diminuindo a tensão arterial, dado que a cafeína atua como vasodilatador. Em tais situações, também pode ser suprida a sensação de fome. 
        0 mate favorece a diurese, sendo de grande utilidade nas moléstias de bexiga. Atua também sobre o tubo digestivo, ativando os movimentos peristálticos, facilita a digestão e suaviza os embaraços gástricos, favorecendo a evacuação e a mictação. 
        Os componentes químicos encontrados na erva, apontam a presença de vitamina B1, cálcio, ferro, fósforo e manganês, confirmando as propriedades terapêuticas da erva mate como estimulante, diurético e facilitador da digestão. 
        A erva mate também apresenta potencial preventivo e curador da aterosclerose, doença causada pelo acúmulo de gordura nas artérias. A ação oxidante reduz a reatividade vascular, comprometendo o vasorelaxamento necessário para uma boa circulação sangüínea e podendo, causar, entre outras complicações, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
        Ingrediente principal do chimarrão, a erva se mostrou um eficaz redutor das reações de oxidação que causam a doença. Próximo passo é transformá-la em alimento funcional e em fitofármaco.


RECEITAS DE MATE


Como preparar o chimarrão
    1. Coloque erva mate verde em 2/3 da cuia. 
    2. Tape com a mão ou com papel firme a boca da cuia, inclinando-a para ajeitar a erva, que deve ficar assentada de um lado só, deixando um espaço vazio. 
    3. Bata suavemente, com a ponta dos dedos, na superfície externa da cuia, no lado em que a erva mate está assentada, para que o pó mais fino se desloque para o fundo do porongo. 
    4. Coloque novamente a cuia na posição vertical, com suavidade, para que a erva mate não caia para o lado. 
    5. Despeje um pouco de água morna ou fria para umedecer e inchar a erva, e aguarde alguns instantes. 
    6. Coloque a água quente, tendo o cuidado de não deixá-la ferver. O melhor é respeitar o aviso da chaleira, que começa a chiar aos 80º. 
    7. Introduza a bomba no fundo da cuia, apoiada na erva, mantendo o bocal fechado com o dedo polegar, até assentá-la bem. 
    8. Quando a infusão acabar, deve-se acrescentar mais água. A operação pode ser repetida até que o chimarrão deixe de espumar, sinal de que a erva já enfraqueceu. 


Chimarrão com mescla: Pode-se acrescentar à água de preparo do chimarrão vários tipos de erva, para acentuar o sabor ou para fins medicinais, tais como boldo, camomila, capim-limão, carqueja, funcho, guaco, hortelã, marcela, poejo. As mesclas nunca devem ser colocadas junto com a erva mate, porque podem impregnar a cuia com diferentes sabores. 


Tererê: Bebida feita com erva mate verde e água fria, podendo ser bebida tanto em cuia como em copo. 

Mate doce: Prepara-se o chimarrão de modo tradicional, acrescentando uma colher de açúcar a cada cuia. Pode-se substituir o açúcar por mel, açúcar mascavo ou uma folha de stevia. 

Mate doce argentino: Numa panela especial, queime uma colher de açúcar junto com a erva mate, despeje água quente e aguarde um pouco. Após peneirar a infusão, sirva-a em chícaras. 

Mate com leite : Prepara-se o chimarrão do modo convencional. Em lugar de água, coloca-se leite fervido, com açúcar e canela. 

Chá de mate: Prepara-se a infusão do mesmo modo que qualquer outro chá. Para o chá de erva mate verde, usam-se duas colheres para cada xícara; para a erva mate tostada, basta uma colher. Já existem produtos industrializados de chá tostado, tanto em saquinhos como em pó solúvel. Pode-se também substituir a água pelo leite. 


Xeque mate: Os ingredientes são 1/2 cálice de rum, conhaque ou whisky, algumas gotas de limão e chá de mate quente ou frio. Bata a mistura no liquidificador. 

Vitamina: Acrescente 1/4 de maçã em fatias a um copo de mate gelado e liquidifique. 

Sundae: Bata no liquidificador 1 copo de mate gelado e 1 bola de sorvete de creme. 


LENDA DA ERVA MATE

O Surgimento da erva pelo Deus Tupã


        Conta a lenda que a árvore de onde se colhe a folha para produzir a bebida amarga adorada por tantos gaúchos só surgiu no mundo depois de um pedido muito especial feito a Tupã o grande deus indígena. 

        Em algum lugar no meio das coxilhas vivia aquerenciada uma tribo guarani cujo cacique tinha muita fama de valentia, bravura e sabedoria. Era um exemplo para seus comandados. Todos os índios queriam ser como ele, lutar como ele, caçar como ele, ter o conhecimento de tudo o que ele sabia. Outro motivo de orgulho para o cacique era a sua linda e formosa filha, Caá-Yari, muito admirada pelos jovens guerreiros. 

        Mesmo com tantas razões para ser um homem altivo e feliz, o chefe índio andava acabrunhado. Triste. Uma tristeza vinda lá do fundo da alma. O cacique estava se enveredando pelos caminhos da velhice e tinha medo de ficar sozinho. 

        Além disso, estava preocupado com sua sucessão. Não tinha filho homem e precisou escolher para sucedê-lo o mais valoroso entre os guerreiros da tribo. Justo o bravo pela qual sua filha Caá-Yari estava apaixonada. Era um grande problema a afligi-lo.Pela lei dos guaranis, a mulher do chefe da tribo tinha de acompanhá-lo em quaisquer de suas viagens, fossem caçadas, fossem batalhas, fossem missões de paz ou a busca de novas terras.

        Assim, se Caá-Yari casasse com o guerreiro escolhido para se tornar o novo cacique, muitas vezes teria que se ausentar da tribo. Com a filha longe, o velho chefe não sabia se ia agüentar continuar vivendo.             Caá-Yari conhecia as apreensões do pai. E para não magoá-lo, a bela índia amava seu adorado em segredo. A filha zelosa sabia que, só com o pensamento de vê-la longe, o cacique caía numa melancolia danada. 

        O desprendimento de Caá-Yari era percebido pelo chefe indígena. Sua dor e angústia eram tantas que decidiu procurar Tupã, o deus dos deuses, aquele que costuma ordenar todas as coisas do mundo. O cacique tinha consciência de que não poderia exigir a presença da filha ao seu lado para sempre e pediu a Tupã que lhe escolhesse um companheiro para as horas de solidão.Como forma de atender o pedido, o grande cacique do Céu mostrou ao cacique da Terra uma árvore grande, de folhas verdes. Dessa árvore o chefe índio retiraria, secaria e torraria as folhas, fazendo com elas uma bebida amarga e quente, mas deliciosa. Seria sua companhia para quando ninguém estivesse junto a ele. Para preencher o vazio da saudade. E assim foi criada a erva-mate. 

        Tupã também ensinou o cacique a partir o porongo e a fazer um canudo de taquara. Junto com a erva, surgiram a cuia e a bomba do chimarrão. Arraigando-se ao hábito da nova companhia, o cacique pôde finalmente confirmar seu sucessor como legítimo líder da tribo e, ao mesmo tempo, abençoar a união dele com sua filha. Agora, quando os dois jovens estivessem longe, o velho índio teria sempre ao seu lado o antídoto para espantar a tristeza. 

        Por ter sido a razão principal do surgimento da erva-mate, Caá-Yari passou a ser a padroeira e protetora dessas árvores.Desde então, a lenda foi sendo contada de geração em geração. Uma história que passou a rechear a prosa nas rodas de chimarrão.


OS 10 MANDAMENTOS DO CHIMARRÃO


        Apesar de simples e informal, a roda de chimarrão tem suas regras. Verdadeiros mandamentos, que devem ser respeitados por todos, e segundo PÉRCIO DE MORAES BRANCO, o hábito do chimarrão, para ser apreciado devidamente requer a obediência de alguns princípios.

I - Não peças açúcar no mate

II - Não digas que o chimarrão é anti-higiênico

III - Não digas que o chimarrão está quente demais

IV - Não deixes um mate pela metade

V - Não te envergonhes do “ronco” no fim do mate

VI - Não mexas na bomba

VII - Não alteres a ordem em que o mate é servido

VIII - Não “durmas” com a cuia na mão

IX - Não condenes o dono da casa por tomar o 1º mate

X - Não digas que o chimarrão faz mal


QUANTIDADE DE ERVA UTILIZADA PARA FAZER UM CHIMARRÃO


        A erva mate é um dos principais símbolos do gauchismo, uma herança missioneira que estimula a fraternidade, a amizade, o amor e a união.      É uma cultura que se destaca na economia dos estados do sul do Brasil, sendo uma excelente alternativa para as pequenas propriedades rurais.  O presente trabalho irá analisar o volume de erva utilizada para fazer um chimarrão e o custo de cada chimarrão, pois conforme a tradição gaúcha, o chimarrão é uma das bebidas mais apreciadas, estando presente em todos os lares.

Figura 1. Volume de erva para fazer um chimarrão

        Para a realização desta analise fomos ao laboratório de Física e Matemática da UNIJUI, onde pesamos em uma balança analítica a massa de uma xícara (m=171,77g) com a finalidade de ajustar a balança e de acordo com o volume da xícara pegar cinco amostras de erva para pesarmos a massa. Também com a ajuda da proveta obtivemos a medida do volume de cada amostra, e assim calculamos a densidade de cada uma através da formula d=m/v como mostra a tabela (3) abaixo:

                                             Tabela 3. Densidade de cada amostra de erva.

Amostra de erva

Massa (g)

volume

densidade (d=m/v)

amostra 1

81,26

170

0,478

amostra 2

75,85

160

0,474

amostra 3

78,29

165

0,474

amostra 4

92,19

195

0,472

amostra 5

80,66

170

0,474

 

        Para verificarmos a densidade média das cinco amostras realizamos a seguinte operação:
        n
        ∑ di                                                                           dm= densidade média
dm = i=1                                                                            n= número de amostras
        ¯¯n¯¯¯                                                                       ∑=somatório das densidades

dm= 0,478+0,474+0,474+0,472+0,474
        ¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯5¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯¯
dm= 0,474


        Ao pegarmos a amostra 1de erva, por exemplo, colocamos na proveta, verificamos seu volume inicial, em seguida sacudimos com cuidado a proveta para observamos o volume e a densidade da erva após cada sacudida até que a erva fique bem compactada na proveta. Assim observamos que a erva diminuiu o seu volume inicial aumentando sua densidade conforme mostra a tabela (4) e o gráfico (1) abaixo:


                                                Tabela 4. Diferença do volume e densidade da amostra 1 de erva.

massa amostra 1

volume

densidade (d=m/v)

81,26

170

0,478

81,26

160

0,507

81,26

155

0,524

Gráfico 1.Volume em relação a densidade da amostra 1 de erva.


 

        Observamos que quanto menor for o volume dessa massa, maior será sua densidade, ou seja, são grandezas inversamente proporcionais.


                                                                                                    Figura 2. Tipos de cuias


        Em seguida realizamos o mesmo processo com a intenção de verificar o volume e densidade de erva utilizada para fazer chimarrão em quatro tipos de cuias de diferentes tamanhos. Vejamos a tabela (5) a seguir:

                                                 Tabela 5. Volume e densidade de erva utilizada 4 cuias diferentes.

Cuias

Massa

Volume

Densidade (d=m/v)

cuia 1

50,70

110

0,46

cuia 2

71,53

150

0,47

cuia 3

104,09

215

0,48

cuia 4

137,52

290

0,47

        Supondo que 1kg de erva custa R$ 2,20, podemos realizar a projeção de custo de cada chimarrão levando em consideração a massa das quatro cuias diferentes. Podemos realizar essa projeção utilizando a regra de três e ainda precisamos ter cuidado de transformar a grandezas quando for necessário. Dessa forma, iremos transformar um quilo (1 kg) de erva em grama (g). Vejamos a seguir:

Transformando kg em gramas:
1kg x 1000 = 1000g

Regra de Três:
m= massa de 1kg de erva 
n= quantidade de massa de cada cuia
x= resultado final em R$
R$= custo de 1kg de erva
x= m . R$                      ou                 m _________ R$
    ¯¯n¯¯¯                                            n _________ x

                                                 Tabela 6. Custo de cada chimarrão.

cuias

massa (g)

custo R$

cuia 1

50,70

0,11

cuia 2

71,53

0,15

cuia 3

104,09

0,22

cuia 4

137,52

0,30

        Podemos verificar os resultados obtidos no gráfico (2).


Gráfico 2. 

        Ao observar o gráfico (2) podemos dizer que são grandezas diretamente proporcionais.   Da mesma forma que calculamos o custo de cada chimarrão, podemos também calcular quantos chimarrões podemos fazer com 1kg de erva, levando em consideração os quatro tipos de cuias. Para isso, iremos dividir o quilo de erva pela quantidade de erva utilizada para fazer o chimarrão em cada tipo de cuia, conforme mostra a tabela (7) a seguir.


                                          Tabela 7. Quantidade de chimarrões que podemos fazer com 1kg de erva.

Cuias

massa

Quantidade de chimarrão

cuia 1

50,70

19,72

cuia 2

71,53

13,98

cuia 3

104,09

9,60

cuia 4

137,52

7,27

        Observamos que quanto menor for a massa / quantidade de erva usada para fazer o chimarrão, mais chimarrões podem ser feitos com 1kg de erva, ou seja, são grandezas inversamente proporcionais.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


        A partir de todas as atividades realizadas neste artigo, podemos concluir que uma certa amostra de erva pode nos fornecer volumes diferentes, e conseqüentemente sua densidade também irá variar. Isso ocorre devido a forma em que a erva é compactada na proveta, fornecendo-nos vários volumes. Observamos assim, que quanto menor for o volume da amostra maior será sua densidade, ou seja, são grandezas inversamente proporcionais.
        Em outro momento, ao calcularmos a quantidade de erva colocada em quatro cuias de diferentes tamanhos, notamos que quanto maior for a cuia, maior será a quantidade de erva utilizada, dessa forma o custo do chimarrão feito nesta cuia será maior do que os das outras cuias, ou seja, o custo do chimarrão em relação a quantidade de erva utilizada, são grandezas diretamente proporcionais.
        Observamos ainda, que ao calcular a quantidade de chimarrões que podem ser feitos com um quilo (1kg) de erva, notamos que quanto maior a cuia utilizada, menor será o numero de chimarrões feitos. Também são grandezas inversamente proporcionais.
        Tendo em vista o trabalho desenvolvido neste artigo, acreditamos que sua abordagem em sala de aula venha possibilitar ao aluno desafios onde ele possa explorar problemas, estabelecendo conexões, discutindo resultados e apresentando conjecturas baseadas nas observações feitas, testando e verificando hipóteses, obtendo assim, suas conclusões.
        Através dos conteúdos de calculo da densidade, densidade média, volume, massa, verificação de grandezas, regra de três e transformação de medidas, foi possível resolver a situação-problema exposta neste artigo. Considerando ainda, que o tema Erva Mate é um tema bastante amplo que pode ser trabalhado de diversas formas, trazendo vários tipos de problemas, podendo assim, trabalhar vários componentes curriculares de matemática, possibilitando o acesso ao saber matemático mais significativo.



BIBLIOGRAFIA


LESSA, Barbosa – Historia do Chimarrão – 2ªed.,Editora Sulina, Porto Alegre, RS, 1949.
BERKAI, Dorival; BRAGA, Clovis Airton. – 500 Anos de Historia da Erva-mate. – 1ªed., Editora Cone Sul, 2000.
museupr@pr.gov.br
www.Clubedoterere.com.br
www.cnpf.embrapa.br
www.emater.tche.br
www.ervamateonline.vilabol.uol.com.br
www.riogrande.com.br
www.usp.br

 

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