UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEFEM – DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA, FÍSICA E MATEMÁTICA

  O AQUECIMENTO DA ÁGUA PARA O CHIMARRÃO

CÁTIA BECKER

JOÃO HENRIQUE BLEY

LETICIA CASSOL

LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA

MODELAGEM MATEMÁTICA I

  PROFESSOR: Dr. PEDRO AUGUSTO BORGES

 Ijuí, Julho de 2004.


 

1-INTRODUÇÃO

        

         Devido ao hábito de tomarmos chimarrão, e sabermos que precisamos conhecer a temperatura ideal para preparar um bom “mate”, resolvemos encontrar uma temperatura adequada, e a partir desta fazer um experimento com diferentes quantidades de água verificando o tempo gasto para o aquecimento.

         A partir dos resultados obtidos com o experimento buscamos encaixar o comportamento que este teria no plano cartesiano e encontrar o tipo de função que o mesmo representa.


 

2-UM POUCO DE HISTÓRIA  

         Chimarrão - Origens

Mate amargo (sem açúcar) que se toma numa cuia de porongo por uma bomba de metal. Atribui-se ao chimarrão propriedades desintoxicantes, particularmente eficazes numa alimentação rica em carnes.

A tradição do chimarrão é antiga. Soldados espanhóis aportaram em Cuba, foram ao México "capturar" os conhecimentos das civilizações Maia e Asteca, e em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguai. No local, impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción del Paraguay.

Os desbravadores, nômades por natureza, com saudades de casa e longe de suas mulheres, estavam acostumados a grandes "borracheiras" - porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda. No dia seguinte, acordavam com uma ressaca proporcional. Os soldados observaram que tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany, o dia seguinte ficava bem melhor e a ressaca sumia por completo. Assim, o chimarrão começou a ser transportado pelo Rio Grande na garupa dos soldados espanhóis.

As margens do Rio Paraguay guardavam uma floresta de taquaras, que eram cortadas pelos soldados na forma de copo. A bomba de chimarrão que se conhece hoje também era feita com um pequeno cano dessas taquaras, com alguns furos na parte inferior e aberta em cima.

O comerciante Rômulo Antônio, dono da Casa do Chimarrão, em Passo Fundo, há mais de 20 anos, explica que os paraguaios tomam chimarrão em qualquer tipo de cuia. "Até em copo de geléia", diz. São os únicos que também têm por tradição tomar o chimarrão frio... O "tererê" paraguaio pode ser tomado com gelo e limão, ou utilizando suco de laranja e limonada no lugar da água.

Antônio explica outras diferenças. Na Argentina e no Uruguai a erva é triturada, ao contrário do Brasil, onde é socada. Nos países do Prata, a erva é mais forte, amarga, recomendada para quem sofre de problemas no fígado.

O CHIMARRÃO é uma das várias formas de preparar a ERVA - MATE para ser tomada, tanto no inverno como no verão, a qualquer hora.

Uma das maneiras de preparar um bom chimarrão é seguindo essa receita:

1º) Colocar erva-mate na cuia, aproximadamente até 2/3 de sua capacidade.

2º) Tapando a boca da cuia com a mão, procura-se, com a cuia de boca para baixo, através de leves movimentos para cima e para baixo, separar os talos e palitos da erva-mate propriamente dita.

3º) Inclina-se a cuia mais ou menos 45º e retira-se a mão, fazendo com que os palitos da erva fiquem na parte inferior (cestinho da cuia), formando uma trama que facilitará a entrada de água na peneira da bomba.

4º) Na mesma posição anterior despeja-se água fria ou morna (água fervente queima o mate, dando um gosto amarguento) até o topete da erva, que não deverá ser molhado. Aguarde até que a água seja absorvida (2 a 3 minutos).

5º) A colocação da bomba é um momento decisivo no preparo de um bom chimarrão. Tapando o bocal com o polegar, introduz-se a bomba no lado cheio d'água da cuia, até o fundo do cestinho.

Com movimentos de pulso, procura-se a melhor posição, para que a bomba fique firme. Retira-se o polegar e observa-se o nível da água, que deve baixar alguns milímetros. Isso prova que i chimarrão está desentupido.

6º) Com a cuia na posição vertical, coloca-se água quente. A temperatura ideal da água é 64 graus, obtida quando a chaleira começa a chiar.
OBS: Nunca "desbarranque" o talude formado pela erva, pois molhando o topete não vai conseguir melhor sabor. Na realidade o sabor se prolongará de acordo com a quantidade de erva que a cuia suporta e que gradativamente vai sendo retirado pela água na medida que o mate vai sendo "lavado".

7º) Pronto. O primeiro mate pode ser ingerido, não há nada de mal nisso, porém alguns mateadores costumam cuspi-lo fora até ouvir o "ronco" da cuia. Isso porque o primeiro mate não é o mais saboroso, a bomba retém resíduos de pó da erva e a água ainda não alcançou a temperatura ideal.

Se ainda assim não conseguir "acertar" seu chimarrão, nós teremos o máximo prazer em auxiliá-lo.


3- MODELAGEM DO PROBLEMA

Para começarmos a modelar nosso problema, preparamos um chimarrão a nosso gosto, medimos a temperatura ideal da água para nosso paladar que seria de 75ºC.

 Preparamos quatro quantidades de água, para elevar a temperatura de 75ºC. Nosso objetivo e verificar os diferentes tempos que a água levava para chegar à temperatura ideal. 

Partimos da temperatura da água de 18ºC, e a temperatura ambiente era de 20ºC. Usamos a quantidades de 0,25 litros; 0,50 litros; 0,75 litros; 1,00 litro;

 

Na primeira experiência obtivemos os seguintes resultado:

 Experimento 1:

Volume de água em litros

Tempo em minutos

0,25

5,16

0,50

10,15

0,75

14,05

1,00

18,03

 

Resolvemos fazer um segundo experimento para calcular uma média mais aproximada, e obtivemos os seguintes dados:

 Experimento 2:

Volume de água em litros

Tempo em minutos

0,25

5,16

0,50

9,66

0,75

14,33

1,00

18,75

Então obtivemos a seguinte média dos dois experimentos:

Tabela 3: Média entre os dois experimentos

Volume de água em litros

Tempo em minutos

0,25

5,16

0,50

9,91

0,75

14,41

1,00

18,62

 

Com os dados da média construímos o gráfico a seguir, que sugere um crescimento linear do tempo em função da quantidade de água aquecida.

Gráfico 1: Tempo de aquecimento em função do volume

fonte: experimento

O cálculo do coeficiente angular das semi-retas formadas entre os pontos permite concluir, tendo presentes os pequenos erros decorrentes do experimento, que o mesmo pode ser representado por uma função de 1º grau.

Para as retas formadas entre os pontos resultantes do experimento encontramos os seguintes coeficientes angulares:

         A proximidade entre os valores dos coeficientes, já que as diferenças são quase desprezíveis, nos permite a afirmação de que a pequena variação existente decorreu de um experimento em que as condições não eram as ideais, como a cronometragem, variação de temperatura ambiente e da água.

Como a variação dos coeficientes não nos permitiu a construção de uma reta, mas algo muito próximo dela, buscamos através do método dos mínimos quadrados, o cálculo dos coeficientes angulares e lineares que levariam a reta ótima. A atividade foi desenvolvida no programa Maple.

Com isso concluímos que a reta que melhor representa a situação experimentada  é:

                          t = 17,92 V +  0,815

Podemos verificar no gráfico, que é muito grande a semelhança entre o experimento e a reta resultante do cálculo.   

Gráfico 2: Tempo gasto para o aquecimento em função do volume

    Fonte: experiência e cálculo  


 4- CONCLUSÃO

 

Podemos concluir que o tempo necessário para o aquecimento da água, dos 18ºC aos 75ºC, é diretamente proporcional a quantidade de água a ser aquecida, ou seja, quanto maior a quantidade de água maior o tempo gasto para o aquecimento.

Quando em experimentos não obtemos dados exatamente corretos, devido a circunstancias do momento teremos um certo percentual de erro, mas com a ajuda dos aplicativos matemáticos, podemos transforma-los em dados ideais, como demonstramos em nosso modelo.

A partir da criação de modelos matemáticos podemos expressar situações de utilização da linguagem matemática despertando um espírito critico e criativo de desenvolver e analisar dados matemáticos, auxiliando alunos em atividades de sala de aula, trazendo aos mesmos um estimulo a mais para as aulas de matemática. Nesse sentido, o trabalho realizado nos permite contextualizar, mediar conhecimentos e reforçar fundamentos de, por exemplo, matrizes, sistemas lineares, funções de 1º grau, conjuntos numéricos, proporção, dentre outros.

 

5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

http://www.chimarrao.com .br/preparo.htm

http://www.portalgaucho.com .br/