AS ORIGENS DO VINHO

 

 

           Há aproximadamente 2 milhões de anos, já existiam uvas e o homem que poderia colhe-las.

Desde os tempos mais remotos, o vinho tem desempenhado um papel de relevo em quase todas as civilizações. “Fruto da videira e do trabalho do homem”, não é ultrapassado por nenhum outro produto da agricultura, aliando esse fruto saboroso e nutritivo à bebida privilegiada, precioso néctar, dele extraída.

           Repleto de simbologia, impregnado de religiosidade e misticismo, o vinho surge desde muito cedo na nossa literatura, tornando-se fonte de lendas e mitos.

           Os arqueólogos aceitam acúmulo de sementes de uva como evidência da elaboração do vinho. Segundo escavações na Síria, na Turquia, no Líbano e na Jordânia revelaram sementes de uvas da Idade da Pedra, cerca de 8000 a.C. As mais antigas sementes cultivadas foram descobertas na Rússia e datam de 7000-5000 a.C.  Certas características da forma são peculiares a uvas cultivadas, e as descobertas são do tipo de transição entre a selvagem e a cultivada.

           A videira para vinificação pertence a espécie vitis vinífera e suas parentes são a Vitis rupestris, mas nenhuma delas possui a mesma capacidade de reter açúcar na proporção de 1/3 do seu volume, nem os elementos necessários para a confecção do vinho. A videira selvagem possui flores machos e fêmeas, raramente as duas na mesma planta. A maioria das plantas é hermafrodita e pode gerar uvas, mas quase a metade do número produzido pelas fêmeas. Os primeiros povos a cultivarem as videiras selecionaram as plantas hermafroditas para o cultivo.

           É possível que as videiras tenham sido levadas pelos fenícios da região onde hoje é o Líbano para toda a Europa e seriam as ancestrais de várias das atuais uvas brancas.

           Há inúmeras lendas sobre onde teria começado a produção de vinhos e a primeira delas esta no Velho Testamento, no capítulo IX do Gênesis. Diz que Noé após ter desembarcado os animais, plantou um vinhedo do qual fez vinho, bebeu e ficou bêbado.

           O vinho também está relacionado à mitologia grega. Um dos vários significados do Festival do Dionísio em Atenas era a comemoração do grande dilúvio com  que Zeus castigou o pecado da raça humana primitiva. Apenas um casal sobreviveu.

           Mesmo tendo relatos afirmativos sobre o surgimento da bebida, os egípcios não foram os primeiros a fazer vinho, mas certamente foram os primeiros a saber como registrar e celebrar os detalhes da vinificação em suas pinturas, as quais datam de 1000 a 3000 a. C.

           Havia, inclusive, pessoas que diferenciavam as qualidades dos vinhos profissionalmente. Nas tumbas dos faraós foram encontradas pinturas retratando com detalhes várias etapas da elaboração do vinho, tais como: colheita da uva, prensagem e fermentação.

           O consumo de vinho parece ter sido limitado aos ricos sacerdotes. Os vinhedos e o vinho eram oferecidos aos deuses, principalmente pelos faraós.

           Quanto a o surgimento no Egito, os precursores dos gregos ocuparam quatro áreas principais em volta do mar Egeu: o sul e o centro – leste da Grécia, a Iha de Creta, as ilhas Cicládicas no sul do Egeu e a costa noroeste da Ásia Menor. Nessas regiões foram cultivadas oliveiras e videiras, duas novas culturas que acrescentaram nova dimensão à dieta primitiva de milho e carne, as quais podiam crescer em terras pobres e pedregosas para o cultivo de grãos.

           O vinho trouxe uma nova dimensão nas relações pessoais e comerciais, na medida em que leva naturalmente à festividades, confidenciais e senso de oportunidade.

           O gosto dos gregos pelo vinho pode ser avaliado pela descoberta recente da adega do rei Nestor, de Pilos, cidade da Peloponésia.

           Há ainda os que acreditam que os franceses da idade da pedra eram vinhateiros, pois no lago de Genebra foram encontradas sementes de uvas selvagens que indicam o seu uso há 12000 anos ou mais.

           Os gauleses antigos já tinham contato com os vinhos do Mediterrâneo por longo tempo e, os gregos haviam fundado Marselha em 600a.C. elaborando e comercializando vinhos com os nativos.

           Torna-se difícil acreditar que na França havia vinhedos, pois os chefes gauleses pagavam um preço exorbitante pelos vinhos aos comerciantes romanos: um escravo por uma ânfora de vinho, isto é, trocavam o copo pelo copeiro.

           Após a queda do Império Romano seguiu-se uma época d obscuridade em praticamente todas as áreas da criatividade humana e os vinhedos parecem ter permanecido em latência até que alguém os fizesse renascer.

           Na Idade Média, a Igreja foi proprietária de inúmeros vinhedos nos mosteiros das principais ordens religiosas da época, que se espalharam por toda a Europa, levando consigo a sabedoria da elaboração do vinho.

           Da Europa, através das expedições colonizadoras, as vinhas chegaram a outros continentes, se aclimataram e passaram a fornecer bons vinhos, especialmente nas Américas do Norte e do Sul e na África.  A uva foi trazida para as Américas por Cristóvão Colombo, na sua segunda viagem às Antilhas em 1493,  se espalhou, a seguir, para o México e o sul dos EUA e às colônias espanholas da América do Sul. As videiras foram trazidas da Ilha da Madeira ao Brasil em, 1532 por Martim Afonso de Souza e plantadas por Brás Cubas, inicialmente no litoral paulista.

           Finalmente, é importante lembrarmos as descobertas  sobre os microorganismos  e a fermentação feitas por Louis de Pasteur.

           Essas descobertas constituem o marco fundamental para o desenvolvimento da enologia moderna. A partir do séc. XX, a elaboração dos vinhos tomou novos rumos com o desenvolvimento tecnológico na viticultura e da enologia, propiciando conquistas tais como o cruzamento genético de diferentes tipos de uvas e o desenvolvimento de várias leveduras selecionadas geneticamente, a colheita mecanizada, a fermentação “a frio” na elaboração dos vinhos brancos. Ainda que pese o romantismo de muitos que consideram os vinhos dos séculos passados como mais artesanais, os vinhos deste século têm um nível de qualidade bem melhor do que os das épocas passadas.

           Entre os séculos XII e XIII em Portugal, o vinho constitui o principal produto exportado. Documentos existentes confirmam a importância da vinho e do vinho no território português,  mesmo antes do nascimento da nacionalidade.

           O vinho passou a fazer parte da dieta do homem medieval começando a ter algum significado para os senhores feudais. Muito da sua importância vinha também do seu papel nas cerimônias religiosas.

           Foi na segunda metade do século XIV que a produção de vinho começou a ter um grande desenvolvimento, renovando-se e incrementando-se à sua exportação.

           Em Portugal, nos séculos XV-XVII (Idade Moderna - Renascimento), no período da expansão portuguesa, o vinho era um dos produtos transportado nos navios que partiam em direção à Índia. No período dos descobrimentos, os vinhos constituíam caravelas que comercializavam os produtos trazidos do Brasil e do Oriente.

           Como as viagens demoravam muito tempo, era preciso cerca de seis longos meses para os vinhos se manterem nas barricas espalhadas pelos porões, sacudidas pelo balancear das ondas, expostas ao sol, ou até submersas na água do fundo dos navios para assim serem melhoradas.

           Tal envelhecimento suave era proporcionado pelo calor dos porões ao passarem pelo menos duas vezes pelo Equador e pela permanência do vinho nos tonéis, tornando-os ímpares, preciosos e vendidos a preços verdadeiramente fabulosos.

           A viticultura durante o desenvolvimento português nos séculos XVIII a XX (Idade Contemporânea), sofreu a influência da forte personalidade do Marquês de Pombal.

           As altas cotações que o vinho do Porto atingiu fizeram com que as qualidades dos vinhos exportados, o que esteve na origem de uma grave crise.

           O Conceito de denominação de origem foi harmonizado com a legislação comunitária e foi criada a classificação “vinho Regional”, para os vinhos de mesa com indicação geográfica, reforçando-se a política de qualidade dos vinhos portugueses.

 

 

 

A Lenda do Vinho

 

 

           Uma lenda grega atribui a descoberta da videira a um pastor, Estáfilo, que, ao procurar uma cabra perdida, foi encontrá-la comendo parras. Colhendo os frutos dessa planta, até então desconhecida, levou-os ao seu patrão, Oinos, eu deles extraiu um sumo, cujo sabor melhorou com o tempo. Por isso, em grego a videira designa-se por staphyle e o vinho por oinos.

           A mitologia romana atribui a Saturno, a introdução das primeiras videiras na Península Ibérica, ela era imputada a Hércules.

           Na Pérsia, a origem do vinho era também lendária: conta-se que um dia, quando o rei Djemchid se encontrava refastelado à sombra da sua tenda, observando o treino dos seus archeiros, foi o seu olhar atraído por uma cena que se desenrolava próximo: uma grande ave contorcia-se envolvida por uma enorme serpente, que lentamente a sufocava.

           O rei deu imediatamente ordem a um archeiro para que atirasse. Um tiro certeiro fez penetrar a flecha na cabeça da serpente, sem que a ave fosse atingida. Esta, liberta, voou até aos pés do soberano e aí deixou cair umas sementes, que este mandou semear.

           Delas nasceu uma viçosa planta que deu frutos em abundância e o rei bebia freqüentemente o sumo desses frutos.

           Um dia, porém, achou-o amargo e mandou pô-lo de parte; alguns meses mais tarde, uma bela escrava, favorita do rei, encontrando-se possuída de fortes dores de cabeça, desejou morrer.

           Tendo descoberto o sumo posto de parte e supondo-o veneno, bebeu dele. Depois disso, dormiu (o que não conseguia havia muitas noites) e acordou curada e feliz.

           A nova chegou aos ouvidos do rei, que promoveu o vinho à categoria de bebida do seu povo, batizando-o Darou-é-Shah.

           Quando Cambises, descendente de Djemchid, fundou Persépolis, os viticultores plantaram vinhas em redor da cidade, as quais deram origem ao célebre vinho de Shiraz.

           A vinha era objeto de enormes cuidados e o mosto fermentava em grandes recipientes de 160 litros, os guarabares.

           Foi este vinho que ajudou a dar coragem aos soldados de Cambises na conquista do fabuloso Egito.

 

 

 

 

 

Demonstrativo da Elaboração de Vinhos e Derivados de 1994 até 2005 (RS).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANO

LITROS

 

 

 

 

Vinhos Viníferas

Vinhos Comuns

Outros Produtos

TOTAL

 

 

 

1994

58.733.741

202.073.263

29.397.363

290.204.367

 

 

 

1995

47.126.229

213.357.304

37.962.059

298.445.592

 

 

 

1996

45.325.058

152.917.771

21.944.698

220.187.527

 

 

 

1997

46.988.414

182.816.047

37.962.331

267.766.792

 

 

 

1998

33.898.630

150.814.943

28.597.537

213.311.110

 

 

 

1999

45.830.497

226.520.776

38.954.609

311.305.882

 

 

 

2000

56.209.739

273.025.576

43.681.795

372.917.110

 

 

 

2001

34.159.277

228.932.458

33.486.024

296.577.759

 

 

 

2002

31.655.226

259.645.740

48.743.419

340.044.385

 

 

 

2003

29.876.855

203.901.278

36.603.741

270.381.874

 

 

 

2004

42.960.568

313.701.177

51.868.276

408.530.021

 

 

 

2005

45.453.898

226.080.433

53.502.201

325.036.532

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Cadastro Vinícola

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Tesouro do Vinho

 

 

           As últimas pesquisas confirmam as qualidades saudáveis do resveratrol, um protetor natural das plantas. Potente antioxidante das uvas e de algumas bebidas elaboradas com elas, não só ajuda a frear o envelhecimento e a deterioração das células, mas também tem propriedades antiinflamatórias, antitumorais e ajuda a prevenir doenças cardiovasculares.

           Um dos componentes do vinho pode reduzir os níveis de colesterol e aumentar a saúde do coração e dos vasos sangüíneos, além de prevenir e reduzir o crescimento de alguns cânceres, graças à sua comprovada capacidade de evitar a oxidação celular e fluidificar o sangue.

           Trata-se do resveratrol: uma prodigiosa substância antiinflamatória, antitumoral que não foi desenvolvida nos laboratórios de alta tecnologia e máxima assepsia das companhias farmacêuticas, mas no mais lento e vasto laboratório da natureza.

           Essa substância, que ajuda as plantas a resistir aos ataques dos fungos, foi identificada em dezenas de espécies vegetais, desde os amendoins e outros frutos secos, até as amoras, e inclusive em alguns tipos de trigo, mas suas maiores concentrações estão nas uvas e em um de seus principais produtos derivados, o vinho tinto.

           O composto, da família dos polifenóis, é produzido e se acumula na casca das uvas, por isso sua presença em vinhos macerados tinto é muitas vezes superior a dos não macerados. Sua concentração diminui com o amadurecimento e a coloração das uvas, quando contêm mais açúcar.

           Acredita-se que as plantas produzem resveratrol como uma reação ao estresse e que este composto aumenta sua sobrevivência, além de ajudar a evitar infecções e consertar danos. Alguns destes efeitos parecem se aplicar aos seres humanos.

           O resveratrol começou a ganhar importância medicinal em 1997: ele bloqueia a ação dos agentes cancerígenos, inibindo o desenvolvimento e o crescimento dos tumores e fazendo com que as células pré-cancerosas retornem à normalidade.

           Estudos posteriores mostraram que a substância reduz o nível de colesterol, inibe a agregação das plaquetas – fazendo com que o sangue seja menos espesso – e previne a formação dos coágulos sangüíneos que desencadeiam os infartos cardíacos e cerebrais. As últimas pesquisas confirmam que suas propriedades se mantêm vivas no vinho tinto.

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           Pesquisa realizada pelos alunos do 3º ano do ensino médio, turma 32M, do Colégio Estadual Landell de Moura, sobre preferência de vinhos em suas famílias.

 

 

 

Entrevistado

Idade

Gênero

Tinto

Branco

Rosé

Doença cardíaca

 

1

48

1

X

 

 

1

 

2

46

2

X

 

 

1

 

3

52

1

X

 

 

1

 

4

50

1

 

 

 

1

 

5

48

2

 

X

 

1

 

6

47

2

 

X

 

1

 

7

54

1

X

 

 

2

 

8

52

2

 

 

X

1

 

9

50

1

 

X

 

1

 

10

48

2

 

X

 

1

 

11

55

1

 

X

 

1

 

12

50

2

 

 

X

1

 

13

52

1

X

 

 

1

 

14

49

2

X

 

 

1

 

15

53

1

 

X

 

1

 

16

51

2

 

X

 

2

 

17

48

1

X

 

 

1

 

18

44

2

 

 

X

1

 

19

51

1

X

 

 

1

 

20

50

1

X

 

 

1

 

 

 

 

Gênero: 1 Masculino            Doença Cardíaca: 1 Não

              2 Feminino                                            2 Sim

 

85% dos entrevistados nunca tiveram problemas cardíacos e bebem, no máximo, 2 cálices de vinho diariamente.

55% dos entrevistados são homens, 44% deles preferem vinho tinto e 11% bebem vinho branco.

45% são mulheres e20% delas preferem vinho branco e 15% vinho rosé.