O
planeta Terra possui uma camada de ar que recobre a sua superfície.
Essa camada tem papel fundamental na manutenção da vida
no planeta, e é palco também dos fenômenos atmosféricos.
O físico italiano Torricelli,
por volta de 1643, realizou as primeiras experiências importantes
para a determinação dos valores e dos efeitos dessa
pressão. O aparelho utilizado para medir a pressão
atmosférica é chamado de barômetro.
1.1 Experiência de
Torricelli
Torricelli
usou um tubo de vidro, ver figura 1, que tinha uma de suas extremidades
fechada, com cerca de 1 metro de comprimento. Encheu-o com mercúrio,
que é uma substância bem sensível a variações
de temperatura e pressão, tampou a extremidade aberta e
inverteu o tubo, mergulhando a extremidade em uma cuba com mercúrio.
Ele
verificou que a coluna de mercúrio no tubo descia até
se estabilizar numa altura de 76 cm acima do nível de mercúrio
da cuba.
Figura
1: Pressão da atmosfera.
Assim,
concluiu que deveria existir uma pressão exercida pela
atmosfera atuando sobre a superfície do líquido no
recipiente, e que era capaz, assim, de equilibrar a coluna de
mercúrio no tubo.
Patm = 76 cmHg = 1 atm [1]
A
unidade de pressão no Sistema Internacional é
o Pascal = 1 Pa = 1 N/m2. [2]
Entretanto,
essa ainda não é uma unidade muito usual na prática
e mesmo nas aplicações da engenharia. Outras unidades
usuais são:
kgf/cm2
libra
por polegada quadrada (libra/pol2)
milímetros
de mercúrio (mm/Hg)
atmosfera
(atm)
Relações:
1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg = 1 kgf/cm2
= 1,01 .105 N/m2
[3]
1.3 A influência da pressão na ebulição
A pressão atmosférica ao nível do mar é
de 760 mmHg (1 kgf/cm2 = 1,01 .105
N/m2).
Mas essa pressão varia com a altitude. Na medida
em que subimos, o ar se torna mais rarefeito, que faz
com que a pressão local seja progressivamente menor.
Assim,
em cidades de maior altitude, a pressão atmosférica
é menor do que em cidades que estão ao nível
do mar. Por consequência, a temperatura de ebulição
da água também será menor, pois a substância
chega mais rapidamente ao estado de agitação capaz
de alterar suas ligações moleculares e mudar de estado
físico.
Veja
na tabela 2, algumas cidades brasileiras, com as temperaturas
esperadas de ebulição da água:
Tabela
2: Temperatura de ebulição da água (oC)
Cidade |
Altitude (m) |
Ponto de ebulição da água |
Rio de Janeiro (nível
do mar) |
0 |
100oC |
Palmas |
280 |
99,1oC |
São Paulo |
760 |
97,6oC |
Belo Horizonte |
860 |
97,2oC |
Brasília |
1100 |
96,4oC |
Campos do Jordão (SP) |
1700 |
94,3oC |
Locais
ainda mais altos, como a Cidade do México a 2240 m, por
exemplo, tem temperatura de ebulição da água
em torno dos 93oC. Se fosse possível
chegarmos ao topo do Monte Everest, ponto mais alto da Terra
(8848 m), veríamos que lá a água ferveria a apenas
72oC.
Essa
constatação física é que nos leva, agora,
a poder discutir o funcionamento da panela de pressão.
Uma
substância, ao se vaporizar (
mudança de fase),
aumenta de volume. Então, se for possível aumentar
a pressão local, aumentaremos a temperatura de ebulição
dessa substância, já que, ao expô-la a um ambiente
de pressão maior, o processo de vaporização fica
dificultado. Esse é o princípio aproveitado para a
construção e uso das panelas de pressão que temos
na cozinha.
2. A TECNOLOGIA DA PANELA DE PRESSÃO
Para evitar a saída dos vapores e gerar progressivo
aumento de pressão no interior, a panela conta com um
material (aço inox ou alumínio) relativamente espesso
na construção do corpo da panela, para suportar
as pressões sem deformação. Para que ela possa
trabalhar pressurizada, há uma vedação
de borracha na tampa, para perfeito selamento (Figura 3).
Uma
válvula de pino permite controlar automaticamente
a pressão de trabalho: ela se estabiliza num valor ideal
a partir da primeira vez que abrir e mantém esse valor
abrindo e fechando com constância. No caso de ela falhar,
ainda existe uma válvula de segurança
que abre quando a pressão sobe além do previsto em
projeto, para garantir a segurança do usuário.
Figura
3: Panela de pressão: observe como a válvula com pino
“alivia” a pressão no interior da panela quando
os vapores aumentam o valor de pressão acima do aceitável.
No caso de falha dessa válvula, a panela ainda conta com
uma válvula de segurança, que se rompe quando a pressão
chega a um valor próximo do suportável pelo metal
das paredes da panela.