Nós estamos
acostumados a utilizar espelhos planos em nossa casa, mas, o nosso
cotidiano está repleto de situações nas quais
fazemos uso dos espelhos esféricos. Observe, nas figuras
a seguir, as aplicações cotidianas dos espelhos esféricos.
Os dentistas, para poderem enxergar melhor os dentes de seus pacientes,
utilizam espelhos esféricos.
Figura 1 - Espelho esférico utilizado pelo
dentista
Os espelhos utilizados nos retrovisores dos automóveis (figura
2) e nos elevadores e lojas (figura 3), são esféricos
tendo em vista o fato de possibilitarem um maior campo de visão
quando comparados aos espelhos planos.
Figura 2 - Espelho esférico utilizado no
retrovisor de um carro
Dividindo essa esfera em duas partes, obtemos duas
calotas esféricas. Cada uma delas apresenta uma superfície
côncava e outra convexa. Assim, os espelhos esféricos
podem ser classificados em côncavos e convexos, como indica
a figura 2.
Diferentemente das lentes esféricas, que
são atravessadas pelos raios de luz incidentes, nos espelhos
esféricos os raios de luz não os atravessam. Quando
um feixe de raios de luz paralelos incide sobre um espelho, ocorre
o fenômeno de reflexão.
Se as condições de Gauss forem respeitadas (veja o
software "Um mano chamado Gauss"), então todos
os raios de luz incidentes no espelho esférico serão
refletidos por ele de maneira a passarem por um único ponto
denominado foco do espelho (F). A distância desse ponto ao
espelho é chamada de distância focal (f), e a distância
entre o centro de curvatura do espelho (C) e seu vértice
(V) é chamada de raio de curvatura do espelho (R). No caso
do espelho convexo, é o prolongamento do raio de luz incidente
que passa pelo foco.
Figura 3 - Características dos espelhos esféricos.
É possível notar, pela figura 3, que
no espelho côncavo, os raios de luz tendem a convergir para
o foco do espelho. Por isso dizemos que nos espelhos côncavos,
o foco é real.
No caso dos espelhos convexos, os raios de luz tendem a divergir,
contudo, os prolongamentos dos raios incidentes tendem para o foco.
Por isso dizemos que nos espelhos convexos, o foco é virtual.
2.
RELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA FOCAL E O RAIO DE CURVATURA
DE UM ESPELHO ESFÉRICO
Uma
relação interessante e válida, tanto para os
espelhos côncavos quanto para os espelhos convexos, é
que a distância focal é a metade do raio de curvatura
do espelho esférico. Observe a figura 4 a seguir, admitindo
F como sendo o foco do espelho, C o centro de curvatura do espelho,
V o vértice do espelho, R o raio de curvatura do espelho,
I o ponto de incidência da luz no espelho, e , os ângulos
de incidência e de reflexão, respectivamente.
Figura 4 - Relação distância
focal e raio de curvatura.
Como no fenômeno da reflexão o ângulo
de incidência é igual ao ângulo de reflexão,
podemos considerar o triângulo CFI isósceles, portanto,
FC = FI.
Para cumprir as condições de nitidez de Gauss, o ângulo
de abertura do espelho deve ser pequeno, em torno de 10o, dessa
forma, FI @ FV.
Portanto, podemos concluir que:
(1)
3. CONSTRUÇÃO DE
IMAGENS EM ESPELHOS ESFÉRICOS
Antes de discutirmos o processo de construção
das imagens, é importante conhecermos as propriedades dos
raios de luz incidentes nos espelhos esféricos.
A primeira propriedade, nós já discutimos,
pois diz respeito ao fato de que todo raio de luz incidente em um
espelho esférico, ao refletir, passa pelo foco.
Considere a figura a seguir, onde C é o centro de curavtura
do espelho, F é o foco do espelho e V o vértice do
espelho.
Figura 5 - Raio de luz incidindo sobre o foco de
espelhos esféricos.
A segunda propriedade diz respeito ao fato de os raios
de luz incidentes que passam pelo centro da curvatura (C) de uma
lente esférica refletirem passando por si mesmos.
Figura 6 - Raio de luz incidindo sobre o centro de curvatura de
espelhos esféricos.
Como já foi estudado no software "conhecendo as lentes
delgadas", as imagens conjugadas pelo encontro de raios de
luz são denominadas reais, enquanto que, a imagens conjugadas
pelo encontro do prolongamento dos raios de luz são denominadas
virtuais.
A terceira propriedade diz respeito ao fato de os
raios de luz incidentes, que passam pelo vértice do espelho
esférico, refletirem com o mesmo ângulo no qual ocorreu
a incidência.
Figura 7 - Raio de luz incidindo sobre o vértice
de espelhos esféricos.
As imagens fornecidas por um espelho esférico
podem ser obtidas utilizando-se dois dos três raios particulares.
Obs.: trataremos aqui apenas de imagens formadas for objetos reais.
3.1 Construção de
imagens no espelho convexo
Objeto extenso localizado na frente do espelho: imagem virtual,
direita, menor.
Figura 8 - Formação de imagens em
espelhos esféricos convexos.
Observe que as características da imagem A'B'
para o espelho convexo não dependem da posição
do objeto AB sobre o eixo principal.
3.2 Construção de imagens
no espelho côncavo
Objeto extenso à esquerda do ponto C (Objeto além
do centro): imagem real, invertida, menor.
Figura 9 - Formação de imagens em
espelhos esféricos côncavos com o objeto à esquerda
do centro de curvatura do espelho.
Objeto extenso sobre C (Objeto colocado no centro
de curvatura do espelho): imagem real, invertida, igual.
Figura 10 - Formação de imagens em
espelhos esféricos côncavos com o objeto sobre o centro
de curvatura do espelho.
Objeto extenso entre C e F (Objeto colocado entre o centro de curvatura
e o foco): imagem real, invertida, maior.
Figura 11 - Formação de imagens em
espelhos esféricos côncavos com o objeto colocado entre
o centro de curvatura do espelho e seu foco.
Objeto extenso sobre F (Objeto colocado no foco do espelho): imagem
imprópria, também dita no infinito.
Figura 12 - Formação de imagens em
espelhos esféricos côncavos com o objeto colocado sobre
foco do espelho.
Objeto extenso entre F e V(Objeto colocado entre o foco e o vértice):
imagem virtual, direita, maior.
Figura 13 - Formação de imagens em
espelhos esféricos côncavos com o objeto colocado à
direita do foco do espelho.
Observe que:
as características da imagem A'B' para o espelho côncavo
dependem da posição do objeto AB sobre o eixo principal.
a imagem do ponto B está sobre o eixo principal.
para qualquer tipo de espelho, uma imagem real será sempre
invertida, enquanto uma imagem virtual será sempre direita.
4. EQUAÇÃO DE GAUSS
Para estudarmos as características das imagens
conjugadas por espelhos esféricos, Gauss deduziu uma equação
semelhante a que utilizou para estudar as lentes esféricas.
A seguir, apresentamos a dedução de Gauss.
Figura 14 - Imagem conjugada por um espelho esférico
côncavo.
Podemos observar que o triângulo ADC é
semlehante ao triângulo A´D´C e que o triângulo
A´D´F é semelhante ao triângulo BFV, portanto:
4.1 Equação de Aumento
Linear (A)
Considere a imagem conjugada por um espelho esférico côncavo:
Figura 15 - Ampliação da imagem por
um espelho esférico côncavo.
Observe que os triângulos ADV e BEV são
semelhantes, portanto, podemos escrever:
Analisando a equação 10, podemos afirmar
que:
Se A for maior que zero, ou seja, positivo, então
i e o têm o mesmo sinal, portanto a imagem é direita.
Se A for menor que zero, ou seja, negativo, i
e o têm sinais contrários, portanto a imagem é
invertida.
Em resumo ao estudo dos espelhos esféricos, podemos afirmar
que, considerando sempre o objeto real ( p > 0 ), nestas equações
temos:
Espelho côncavo f > 0
Espelho convexo f < 0
Imagem real p' > 0
Imagem virtual p' < 0
Imagem direita i > 0
Imagem invertida i < 0