Manter um corpo suspenso no ar, sem qualquer apoio aparente, parecendo
desafiar a lei da gravidade, é reconhecido como fenômeno
de levitação. Esse "apoio", necessariamente,
deverá aplicar no corpo suspenso uma força, vertical
para cima, suficientemente intensa para equilibrar o peso do corpo.
Em se tratando de corpo extenso, a estabilidade de equilíbrio
também deve ser analisada. A levitação magnética
é o resultado da ação de campos magnéticos
sobre alguma grandeza associada ao corpo suspenso. São exemplos
simples: os ímãs suspensos sob a ação
de outros ímãs (campo magnético criado por
um, agindo sobre a massa ferromagnética do outro, e vice-versa).
Um outro exemplo, mais sofisticado, foi descoberto em 1987 pelo
francês Georg Bednorz e o alemão K. A. Muller. Eles
produziram uma cerâmica supercondutora de eletricidade, misturando
bário, lantânio, cobre e oxigênio. A supercondutividade,
fenômeno apresentado por certas substâncias como metais
e cerâmicas especiais, caracteriza-se pela drástica
diminuição da resistência elétrica em
temperaturas muito baixas. Com isso, a corrente flui pelo material
sem perder energia. Ao comprovarem a importância prática
do fenômeno, os cientistas abriram campo para diversas aplicações,
como computadores cada vez mais ágeis, reatores de fusão
nuclear com energia praticamente ilimitada e monotrilhos rapidíssimos,
projetados para serem o transporte de massa do século XXI.
2. TIPOS DE LEVITAÇÃO
MAGNÉTICA
Nesta seção, serão apresentados
alguns dos principais tipos de levitação magnética,
bem como algumas das principais aplicações na área
de Engenharia, em especial os tipos de levitação utilizados
nos trens de alta velocidade. Não entendeu como isto é
possível? Fácil: o trem inteiro levita acima da sua
plataforma de sustentação, reduzindo a zero o contato
com qualquer superfície sólida (eliminação
do atrito), o que faz com que a única força que se
oponha ao movimento seja a resistência do ar.
2.1 Repulsão entre ímãs
permanentes
Este fenômeno ocorre entre ímãs
permanentes devido à repulsão de polos de mesma natureza
(figura 2.1), gerando assim a levitação. Neste sistema,
torna-se necessário a utilização de vínculos
mecânicos para que impeça o giro do sistema (no caso,
o lápis da figura 2.1), cuja instabilidade é conhecida
como Teorema de Earnshaw.
Figura 2.1 - Repulsão entre polos iguais
de ímãs permanentes.
Fonte: Serway (2003).
2.2 Levitação
eletromagnética
Também denominada de levitação
por atração, a levitação eletromagnética
é aquela em que um corpo ferromagnético é mantido
suspenso pela força atrativa de um eletroímã.
Na figura 2.2, é apresentado o diagrama de uma esfera levitando
sob a ação de um campo magnético. Nesta esfera
atuam a força peso e a força magnética, resultante
da atração da esfera pelo eletroímã
em função da distância entre a esfera e o eletroímã
e da corrente que circula na bobina.
Figura 2.2 - Diagrama da levitação
eletromagnética.
Fonte: LASUP.
A figura 2.3 ilustra o uso da levitação
eletromagnética utilizada no trem Transrapid de alta velocidade,
desenvolvido pela Transrapid International S. A., na Alemanha.
Figura 2.3 - Veículo de transporte utilizando
a levitação eletromagnética.
Fonte: adaptada de www.maglev.com
O Transrapid é o primeiro trem comercializado
no mundo que utiliza a levitação eletromagnética.
Veículos utilizando este tipo de levitação
alcançam uma velocidade de até 430 Km/h.
2.3 Levitação
eletrodinâmica
A levitação eletrodinâmica
ou levitação por repulsão emprega um condutor
na presença de um fluxo magnético variável,
criando assim uma corrente elétrica induzida no condutor.
Com isso, pela Lei de Faraday - Lenz, a corrente deverá possuir
sentido contrário ao sentido da bobina indutora. Como estas
correntes estão em sentidos contrários, ocorrerá
uma repulsão entre a bobina indutora e o condutor.
Figura 2.4 - Princípio de funcionamento do maglev. Os eletroímãs
são alimentados com corrente alternada, alternando a polaridade
dos imãs de guia nas paredes.
Fonte: adaptado de Globo Ciência - janeiro/97 e Como Funciona,
Editora Visor do Brasil.
A grande diferença entre um trem maglev
e um trem convencional é que os trens maglev não têm
um motor, pelo menos não o tipo de motor usado para puxar
os vagões de trem típico em trilhos de aço.
O motor para os trens maglev é quase imperceptível.
Em vez de usar combustível fóssil, o campo magnético
criado pela bobina eletrificada nas paredes do trilho guia e o trilho
se juntam para impulsionar o trem. A bobina magnética ao
longo dos trilhos, chamada de trilho guia, repele os grandes ímãs
supercondutores sob o trem, permitindo que este levite entre 1 a
10 cm sobre o trilho guia. Uma vez que o trem esteja levitando,
a energia é suprida pelas bobinas dentro das paredes do trilho
para criar um sistema único de campos magnéticos que
puxam e empurram o trem pelo trilho guia (veja figura 2.4). A corrente
elétrica fornecida às bobinas nas paredes do trilho
guia é constantemente alternada para mudar a polaridade da
bobina magnetizada. Esta mudança na polaridade leva o campo
magnético na parte frontal do trem a puxar o veículo
para frente, enquanto o campo magnético atrás do trem
adiciona mais um empurrão para frente. Os trens maglev flutuam
em uma almofada de ar, eliminando a fricção. Esta
falta de fricção, juntamente com os projetos aerodinâmicos,
permitem que esses trens alcancem velocidades de transporte terrestre
surpreendentes de mais de 500 km/h. Este tipo de levitação
é utilizado no projeto japonês desenvolvido pela Japonese
Railways.
Supercondutor como ímã
O conceito de supercondutor, como um material capaz
de expulsar completamente o fluxo magnético de seu interior,
não é incompatível com a capacidade de reter
fluxo magnético.
Verifica-se experimentalmente que uma amostra supercondutora pode-se
tornar um verdadeiro ímã, apresentando densidades
de fluxo magnético da ordem de 14 T dependendo da temperatura
de operação.
Levando-se em conta que os melhores ímãs permanentes
cilíndricos disponíveis atualmente (NdFeB) fornecem
densidades de fluxo da ordem de 1T, fica evidenciada a imensa superioridade
e as potencialidades do uso de supercondutores como fonte de fluxo
magnético.
Em toda a tecnologia que emprega supercondutores, é necessário
um gasto com a refrigeração das amostras supercondutoras,
mas ainda assim o processo é vantajoso, pois para se conseguir
um fluxo magnético de mesma intensidade, seria necessário
recorrer ao uso de eletroímãs cujo consumo de energia
elétrica é bastante alto.
2.4 Levitação diamagnética
Todo material diamagnético submetido a um
campo magnético externo apresenta um momento dipolar magnético
orientado no sentido oposto ao do campo aplicado. Se o campo magnético
aplicado é não-uniforme, o material diamagnético
é repelido da região onde o campo magnético
é mais intenso para a região onde o campo magnético
é menos intenso. Assim, se o campo magnético aplicado
for muito intenso, um material diamagnético será repelido
pelo campo, podendo, portanto, levitar na presença deste
campo, como mostra a figura 2.5.
Figura 2.5 - Materiais a) diamagnéticos e b) paramagnéticos
expostos a um campo externo representado pelas linhas de indução
em azul. Os materiais paramagnéticos são atraídos
para a região onde o campo magnético é mais
intenso, e os diamagnéticos são repelidos dessa região.
Nas substâncias ferromagnéticas e
paramagnéticas, a repulsão diamagnética também
se apresenta, mas é muito pequena se comparada à atração
e repulsão magnéticas propriamente ditas, sendo praticamente
imperceptível. A água é um bom diamagneto,
assim como a maioria das substâncias orgânicas e o carbono.
Veja, na Figura 2.6, uma maneira mais fácil de levitação
diamagnética utilizando uma pequena placa de carbono (mais
especificamente, de grafite pirolítica) levitando acima de
um ímã permanente.
De todos os materiais, o que apresenta maior efeito
diamagnético é o bismuto. O que explica a Figura 2.7:
as duas peças entre as quais o pequeno ímã
levita são de bismuto puro.
Em 1908, H. Kamerlingh Ones iniciou a física de baixas temperaturas
liquefazendo o Hélio em seu laboratório em Leiden.
Três anos depois, quando analisava a resistividade de uma
amostra de Mercúrio, notou que abaixo de 4,15 K, a resistividade
desta caía abruptamente a zero. Inicia-se o fascinante mundo
da supercondutividade. Em 1993, Walther Meißner e Robert Ochsenfeld
descobriram que, ao expor um material supercondutor a um campo magnético
externo, ele excluía todo fluxo de seu interior até
um campo crítico, Hc, acima do qual o efeito supercondutor
era destruído. Esse efeito ficou conhecido por Efeito Meißner-Ochsenfeld,
comumente chamado Efeito
Messner (veja figura 2.8). Assim, a supercondutividade
é um fenômeno que afeta alguns materiais e se manifesta
apenas em temperaturas extremamente baixas. Ela se caracteriza pela
eliminação da resistividade do material e pela exclusão
de qualquer campo magnético de seu interior. O que traz duas
consequências extraordinárias: em temperaturas extremamente
baixas, um supercondutor apresenta resistência nula à
passagem de uma corrente elétrica (por não apresentar
resistividade) e torna-se um diamagneto perfeito (por não
conter campo magnético).
Quando aproximamos o magneto da amostra, em estado
supercondutor, ocorre o aparecimento de supercorrentes na superfície
do material. Estas supercorrentes geram um campo magnético
que se opõe ao campo magnético externo, tornando nula
a indução magnética dentro do supercondutor.
Os dois campos, o do magneto e o do supercondutor, causam uma repulsão,
como dois polos magnéticos do mesmo sinal. O supercondutor
passa a agir como um espelho magnético. A levitação
ocorre pois a força magnética, na superfície
do supercondutor, é maior que a força peso, levando
o ímã a subir até encontrar o ponto de equilíbrio.
A Fig. 2.8 mostra o comportamento das linhas de indução
do magneto quando este está próximo da amostra na
temperatura acima da Temperatura crítica (Tc) para que o
efeito descrito acima ocorra, portanto, no estado normal. Ao lado,
vê-se a exclusão das linhas de fluxo magnético
pela amostra supercondutora, agora numa temperatura abaixo da Tc.
Estas propriedades dos supercondutores permitiram o desenvolvimento
de novas aplicações tecnológicas, entre as
quais: geradores elétricos e motores (menores e eficientes);
bobinas para aparelhos de ressonância magnética nuclear
(medicina); magnetos para aceleradores de partículas e reatores
de fusão nuclear; transportes com levitação
magnética; aparelhos que permitem realizar medidas magnéticas
extremamente sensíveis; aplicações na óptica
quântica; componentes eletrônicos (como por exemplo,
microprocessadores mais rápidos, devido eliminação
do problema do calor); antenas de ondas eletromagnéticas.
O que ganhamos com estas tecnologias?
Economia de energia; menos perdas dissipativas
e melhor aproveitamento de recursos; melhor produção
de energia; geradores mais eficientes e de dimensão mais
reduzida; melhor armazenamento de energia; baterias e condensadores
de mais elevado rendimento, menores, sem perdas; transporte de energia
sem recorrer ao sistema normal de elevação de tensão;
acesso a novos campos e novas descobertas.
2.5 Levitação
magnética por rotação
Dentro do tema 'Levitação magnética', vamos
descrever um curioso dispositivo, registrado sob o nome "Levitron",
que é comercializado como 'brinquedo'. O Levitron comporta
duas partes distintas: uma base (que é colocada sobre a mesa
de trabalhos) e um pião com eixo alongado. A base e o pião
são essencialmente dois ímãs, porém,
colocados de tal forma que os polos de mesmo nome se defrontam (por
exemplo, o Polo Norte da base e o Polo Norte do pião). O
ajuste desses ímãs, durante o processo de fabricação,
deve ser feito de modo bastante cuidadoso.
Surgem, como era de se esperar, quatro forças
magnéticas sobre os polos magnéticos do pião:
duas de repulsão e duas de atração, com respeito
aos polos dos ímãs da base e uma força gravitacional
(seu peso) com relação à Terra.
A dependência relativa à distância dessas forças
magnéticas faz com que (devido ao modo como os ímãs
são dispostos) a resultante delas se oponha à força
gravitacional e, assim, o pião levite sobre a base, como
mostram as figuras 2.9 e 2.10. Entretanto, qualquer que seja a mínima
inclinação em relação à vertical
(e isso é impossível de evitar), tais pares de forças
magnéticas criam momentos (binários, torques) que
tendem a tombar o pião, levando-o para baixo. É impossível
mantê-lo levitando 'estaticamente'.
Para evitar que isso ocorra, o pião deve
estar descrevendo um movimento de rotação, já
que, nessa condição, o momento atua de forma giroscópica
e o eixo do pião não tomba, mantendo-se mais ou menos
na mesma direção que aquela do campo magnético
resultante. O momento de rotação é equivalente
ao movimento de precessão de um pião comum. O eixo
é, em princípio, quase vertical, porém conforme
a velocidade angular vai diminuindo, uma leve oscilação
aparece nesse eixo. Com efeito, o princípio de funcionamento
é similar ao de um pião comum (veja figura 2.10).
É quase impossível que um pião comum, sem girar,
fique equilibrado sobre sua ponta metálica e não caia.
Entretanto, enquanto está girando, o equilíbrio se
mantém. Ao diminuir a velocidade esse pião comum começa
'a balançar a cabeça' até que, finalmente,
cai. Exatamente isso é o que ocorre com o Levitron. O aspecto
da estabilidade é muito delicado no Levitron. Definitivamente,
o sistema apenas funciona dentro de limitada faixa de alturas, algo
entre 3 e 4 cm contados desde o centro da base. A altura final para
o equilíbrio depende principalmente do peso do pião
e das forças de campo devidas à base.
2.6 Levitação
magnética em turbina eólica
A energia eólica é vista de forma muito simpática
por todos aqueles que se preocupam com o meio ambiente. Os especialistas
em energia, contudo, afirmam que a eletricidade produzida pelo vento
necessitará de mais tecnologia e menos custos se quiser entrar
para valer como uma fonte de geração definitiva.
A empresa MagLev apresentou na China aquela que
poderá ser a solução tecnológica que
faltava para a viabilização econômica da energia
eólica (veja figura 2.11). Com um design totalmente diferente
dos tradicionais cata-ventos, a turbina MagLev utiliza levitação
magnética para oferecer um desempenho muito superior
em relação às turbinas tradicionais.
As pás verticais da turbina de vento são suspensas
no ar acima da base do equipamento. Ao invés se sustentarem
e de girarem sobre rolamentos, essas pás ficam suspensas
(levitam magneticamente), sem contato com outras partes mecânicas
- e, portanto, podem girar sem atrito, o que aumenta exponencialmente
seu rendimento.
A turbina utiliza ímãs permanentes feitos de neodímio,
e não eletroímãs, que poderiam diminuir seu
rendimento líquido, já que uma parte da energia gerada
seria gasta para manter esses eletroímãs em funcionamento.
Segundo a empresa, a turbina MagLev consegue gerar energia a partir
de brisas de apenas 1,5 metros por segundo e consegue suportar até
vendavais de até 40 metros por segundo - o equivalente a
144 km/h.
As maiores turbinas eólicas atuais geram 5 MW de potência.
Já uma única MagLev gigantesca poderia gerar 1 GW,
suficiente para abastecer 750.000 residências. Isso acontece
porque a nova turbina pode ser construída em dimensões
muito grandes, o que não acontece com os tradicionais cata-ventos.
3. LEVITAÇÃO ACÚSTICA
A levitação acústica (figura 3.1) se aproveita
das propriedades de ondas sonoras para fazer com que sólidos,
líquidos e gases pesados flutuem.
Um
levitador acústico básico tem duas partes principais:
um transdutor, que é uma superfície vibratória
que cria sons, e um refletor. Normalmente, o transdutor
e o refletor têm superfícies côncavas
para ajudar a focalizar o som. O processo é muito simples:
uma onda sonora viaja do transdutor e é rebatida pelo refletor.
Três propriedades básicas dessa onda é que a
auxiliam a suspender objetos no ar.
A primeira é que, como todos os sons, trata-se de uma onda
de pressão longitudinal. Em uma onda longitudinal, o movimento
dos pontos na onda é paralelo à direção
de sua viagem, algo semelhante ao tipo de movimento que você
veria se empurrasse e puxasse a extremidade de uma mola de brinquedo.
A segunda propriedade é que a onda pode se refletir em superfícies,
seguindo a Lei da reflexão, que afirma que o ângulo
de incidência (o ângulo no qual algo atinge uma superfície)
é igual ao ângulo de reflexão (o ângulo
no qual ele deixa a superfície). E finalmente, quando uma
onda sonora se reflete em uma superfície, a interação
entre suas compressões e rarefações causa interferência.
As compressões que encontram outras compressões se
amplificam, e compressões que encontram rarefações
acabam entrando em equilíbrio com elas. Algumas vezes, a
reflexão e a interferência podem se combinar para criar
uma onda estacionária. Essas ondas estacionárias
parecem se deslocar para frente e para trás, ou vibrar em
segmentos em vez de viajar de um lugar para outro. Essa ilusão
de imobilidade é o que dá nome às ondas estacionárias.
Ondas sonoras estacionárias possuem nós ou nodos definidos
(áreas de pressão mínima) e antinodos ou ventres
(áreas de pressão máxima) (veja figura 3.2).
Os nós de uma onda estacionária são o "coração"
da levitação acústica. Ao colocar um refletor
à distância certaUm levitador acústico básico
tem duas partes principais: um transdutor, que é uma superfície
vibratória que cria sons, e um refletor. Normalmente, o transdutor
e o refletor têm superfícies côncavas para ajudar
a focalizar o som. O processo é muito simples: uma onda sonora
viaja do transdutor e é rebatida pelo refletor. Três
propriedades básicas dessa onda é que a auxiliam a
suspender objetos no ar.
A primeira é que, como todos os sons, trata-se de uma onda
de pressão longitudinal. Em uma onda longitudinal, o movimento
dos pontos na onda é paralelo à direção
de sua viagem, algo semelhante ao tipo de movimento que você
veria se empurrasse e puxasse a extremidade de uma mola de brinquedo.
A segunda propriedade é que a onda pode se refletir em superfícies,
seguindo a Lei da reflexão, que afirma que o ângulo
de incidência (o ângulo no qual algo atinge uma superfície)
é igual ao ângulo de reflexão (o ângulo
no qual ele deixa a superfície). E finalmente, quando uma
onda sonora se reflete em uma superfície, a interação
entre suas compressões e rarefações causa interferência.
As compressões que encontram outras compressões se
amplificam, e compressões que encontram rarefações
acabam entrando em equilíbrio com elas. Algumas vezes, a
reflexão e a interferência podem se combinar para criar
uma onda estacionária. Essas ondas estacionárias
parecem se deslocar para frente e para trás, ou vibrar em
segmentos em vez de viajar de um lugar para outro. Essa ilusão
de imobilidade é o que dá nome às ondas estacionárias.
Ondas sonoras estacionárias possuem nós
ou nodos definidos (áreas de pressão
mínima) e antinodos ou ventres
(áreas de pressão máxima) (veja figura 3.2).
Os nós de uma onda estacionária são
o "coração" da levitação acústica.
Ao colocar um refletor à distância certa de um transdutor,
o levitador acústico cria uma onda estacionária. Quando
a orientação da onda estiver paralela à força
exercida pela gravidade, partes da onda estacionária irão
possuir uma pressão constante para baixo e outras terão
uma pressão constante para cima. Os nós, por sua vez,
possuem pressão muito baixa. Os objetos se juntam logo abaixo
dos nós, onde a pressão que uma onda sonora pode exercer
sobre uma superfície, entra em equilíbrio com a força
da gravidade.
de um transdutor, o levitador acústico cria uma onda estacionária.
Quando a orientação da onda estiver paralela à
força exercida pela gravidade, partes da onda estacionária
irão possuir uma pressão constante para baixo e outras
terão uma pressão constante para cima. Os nós,
por sua vez, possuem pressão muito baixa. Os objetos se juntam
logo abaixo dos nós, onde a pressão que uma onda sonora
pode exercer sobre uma superfície, entra em equilíbrio
com a força da gravidade.
Pode parecer que é
necessário muito trabalho para suspender pequenos objetos
a apenas alguns centímetros de uma superfície. Levitar
objetos pequenos, ou até animais pequenos, por distâncias
curtas também pode parecer algo relativamente inútil.
A levitação acústica, porém, possui
várias utilizações, tanto no solo como no espaço,
entre elas:
A fabricação
de equipamentos eletrônicos muito pequenos e de microchips
costuma envolver o uso de robôs ou equipamentos complexos.
Os levitadores acústicos podem realizar a mesma tarefa
por meio da manipulação do som. Por exemplo, materiais
fundidos levitados irão resfriar e endurecer gradativamente
e, se estiverem em um campo sonoro ajustado corretamente, o
objeto sólido resultante será uma esfera perfeita.
De maneira semelhante, um campo com a forma correta pode forçar
plásticos a se depositarem e endurecerem apenas nas áreas
corretas de um microchip.
Há ainda materiais que são corrosivos ou que
reagem com recipientes comuns utilizados durante análises
químicas. Os pesquisadores podem suspender esses materiais
em um campo acústico para estudá-los sem o risco
de os recipientes contaminarem a amostra ou serem destruídos.
O estudo da física
das espumas possui um grande obstáculo: a gravidade.
A gravidade puxa o líquido da espuma, fazendo que ela
seque e se destrua. Com os campos acústicos, os pesquisadores
podem conter a espuma no espaço, sem que haja interferência
da gravidade, o que levaria a uma melhor compreensão
de como a espuma desempenha certas tarefas, como a limpeza da
água do oceano.
4. LEVITAÇÃO QUÂNTICA
É difícil levitar objetos a alturas nanométricas
de uma superfície?
Três pesquisadores nos Estados Unidos conseguiram
obter, pela primeira vez, uma força quântica repulsiva.
A descoberta poderá ser empregada em um grande número
de aplicações nanotecnológicas. O feito dos
pesquisadores foi demonstrar que um inusitado efeito quântico,
conhecido como força (ou efeito) de Casimir,
pode se manifestar não apenas de forma atrativa, mas também
repulsiva, o que traz importantes implicações para
a física. Em 1948, o físico holandês Hendrik
Casimir (1909-2000) previu que duas placas condutoras perfeitas
não carregadas eletricamente atrairiam uma a outra no vácuo,
por conta das flutuações quânticas no campo
eletromagnético no vácuo entre as placas(veja figura
4.1). Desde então, a previsão foi verificada diversas
vezes, mas sempre de forma atrativa. Essa força se torna
significativa quando o espaço entre duas superfícies
metálicas, como o de dois espelhos um de frente para o outro,
é menor do que 100 nanômetros. "Nesse caso, quando
duas superfícies do mesmo material, como o ouro, são
separadas por vácuo, ar ou um fluido, a força resultante
é sempre de atração".
Figura 4.1
- Ilustração do efeito de Casimir. A Força
de Casimir é a responsável pela incrível capacidade
que lagartixas e moscas têm de se fixar nas paredes e no teto.
A força atrativa de Casimir tem sido medida
com grande precisão e tem sido aplicada no desenho de dispositivos
mecânicos em escala nanométrica. Mas, muitas vezes,
a natureza da força, ou seja, sua atração tem
levado a mais problemas do que soluções. "Um
dos problemas é que os componentes em um dispositivo nanométrico
podem acabar grudados de modo irreversível. A necessidade
de uma força de Casimir repulsiva deriva do potencial de
resolver esse problema e também para fazer com que objetos
levitem em fluidos, o que pode encontrar aplicações
na nanotecnologia."
Força quântica repulsiva: Propostas
para o desenho de metamateriais capazes de produzir tal força
repulsiva têm sido feitas, mas sem sucesso". No entanto,
os pesquisadores substituíram uma das superfícies
metálicas imersas em um fluido por uma de sílica (dióxido
de silício) e verificaram que a força entre elas mudou
de atração para repulsão. "Forças
de Casimir repulsivas são de grande interesse, uma vez que
podem ser usadas em sensores de força ou de torque ultrassensíveis
para levitar um objeto imerso em um fluido em distâncias nanométricas
da superfície. Dessa forma, esses objetos se tornam livres
para realizar movimentos de rotação ou de translação
em relação a outros com o mínimo de fricção
estática, pois suas superfícies nunca entram em contato
direto". As forças de Casimir atrativas limitam a miniaturização
de dispositivos conhecidos como MEMS (Micro Electromechanical
Systems), usados nas mais diversas aplicações,
como no acionamento de airbags em automóveis. O motivo é
que a atração faz com que as partes de um mecanismo
se grudem umas nas outras, tornando-as inoperantes. Com a repulsão,
o mesmo não ocorreria. Os autores do novo estudo apontam
entre as aplicações potenciais da descoberta, o desenvolvimento
de peças nanométricas baseadas na levitação
quântica para situações em que é necessária
a fricção estática ultrabaixa entre peças
mecânicas micro ou nanométricas. Especificamente, os
pesquisadores destacam a fabricação de novos tipos
de bússolas, acelerômetros e giroscópios, todos
em escala nanométrica.
REFERÊNCIAS
MUNDAY, Jeremy; CAPASSO, Federico; PARSEGIAN, Adrian. Measured
long-range repulsive Casimir-Lifshit forces. Nature Physics 8,
January 2009 Vol. 457, p. 156-157.