Psicanálise e Desenvolvimento Infantil: um enfoque transdisciplinar.
Alfredo Jerusalinsky e colaboradores; tradução de Diana Corso e outros. 2ª edição revista e ampliada. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999. 318p.
Comissão de Estudos
A
Dra. Lydia Coriat, neurologista argentina, iniciou há mais ou menos trinta
anos uma clínica embasada na psicanálise. A partir daí,
uma extensa equipe de profissionais, de diferentes especialidades, liderados
pelo psicanalista Alfredo Jerusalinsky, levou adiante o legado da Dra. Coriat,
avançando nas elaborações acerca das patologias graves
do desenvolvimento. Este livro é o testemunho deste trabalho.
Editado originalmente em espanhol em 1984, a pertinência e o vigor das
elaborações teóricas e dos relatos clínicos que
aqui se apresentam justificam plenamente sua permanência como texto de
referência no entrecruzamento de diversas disciplinas que abordam a questão.
O ponto de partida é uma tese psicanalítica: a parcialidade própria
da pulsão vai organizando os sistemas corporais, os quais, no entanto,
se diferenciam a partir de uma dimensão propriamente psíquica:
“Do lado do real, o psíquico tropeça com seu limite e ali
aparece ‘o impossível’, do lado do simbólico e do
imaginário, a extensão do psíquico é infinita em
sua possibilidade.” (p.30) No desenvolvimento das funções
do sujeito há influências simbólicas e imaginárias
sobre limitações reais - o Outro tem um lugar neste processo,
o que tem como conseqüência que o sujeito não é necessariamente
determinado por seus limites orgânicos ou maturativos.
Esta perspectiva abre espaço para a transdisciplina, que aponta um outro
olhar para a criança que sofre, não “tamponando-a”
com um saber técnico, mas interpelando-a como sujeito.
Subjaz a todo o trabalho aqui exposto a concepção de que a condição
psicopatológica da infância é não-decidida. No caso
de crianças autistas, psicóticas ou sindrômicas a problemática
está na inscrição da posição do sujeito que
nela fala.
O livro é dividido em duas partes. Sob o título “Questões
psicanalíticas sobre o desenvolvimento infantil” são abordados
os eixos conceituais em sua pertinência clínica, através
do estudo de casos clínicos. Uma série de temáticas relevantes
encontra lugar de elaboração: a questão do conhecimento,
a interface educação e terapia, a deficiência mental, a
psicose, a escolarização de crianças psicóticas,
a sexualidade do deficiente mental. Em “Testemunhos e propostas de abordagens
terapêuticas” encontram-se testemunhos sensíveis e rigorosos
da definição das operações clínicas pertinentes
quando é ao sujeito que está em jogo que se dirige o tratamento.
Comissão de Estudos: Amabile Daiane Rubin, Ana Paula Hannusch, Caroline Fogaça, Chaveli Brudna, Denise Carvalho, Euclésio Rambo, Márcia Ames, Marinês Pollo, Samir Andrighetto, Samira Ahmad Mussa, Terezinha Guberovich.